quarta-feira, 19 de março de 2008



E tudo parecia ter acabado. Uma espécie de nuvem assolava-lhe a mente inquieta, uma nuvem de sofrimento, de mau estar, de solidão e de outras coisas horrendas que o faziam tremer de devaneio e de cólera. O fim era evidente. O refúgio tornara-se um local especial, um local onde as ásperas manhãs cheiravam ao mesmo que as noites, sem vida, sem alma, sem espírito nem corpo...A vida sem sentido apresentava-se agora de mãos dadas com líquidos que faziam arder por dentro, a bebida, era o refúgio mais confortante para ele, era o antídoto mais eficaz para apagar as mágoas mais profundas. E por momentos era bom, era tão bom poder sentir leveza no corpo e perceber que havia reencontrado o seu espírito, o amor tem fragrâncias diferentes, mas a maior parte são sempre más! Deus sabia que era o final, um final absurdo sem contrapartidas nem absolutismos, ele tinha noção do final que o esperava, de tal forma que o medo ia ganhando terreno e queimava-lhe as entranhas que faziam as correspondências lógicas entre a aceitação, o equilíbrio e a razoabilidade. Se acreditasse no destino, poder-se-ia dizer que já estava escrito em algum local o terrível e temível fim, mas não, ele não existia, e se ele não existe quem poderá escrever o nosso livro? Nós? Ainda não eram 10 da manhã, quando ele ouve alguém tocar à campainha, numa espécie de ansiedade dirige-se à porta, e uma carta é-lhe entregue pelo carteiro. O remetente era inexistente, apenas o nome dele, a preto com letras redondas.

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