quarta-feira, 19 de março de 2008



Ao olhar para o envelope vieram-lhe à memória pensamentos anteriores:- “Será que o destino existe mesmo, e acabou de me escrever? Será que neste envelope está o próximo capítulo da minha vida?”A sucessão de desgraças que agora pautavam a sua existência fez com que este pensamento fosse ganhando forma e força.Continuava a segurar o envelope sem conseguir decidir o que fazer com ele, era uma luta entre o medo e a curiosidade. A letra tinha um cunho feminino, seria uma fã a reclamar do seu repentino desaparecimento da vida activa?Serviu-se de mais uma bebida e começou a pensar nos pensamentos ridículos que acabara de ter. Nunca fora pessoa de acreditar numa existência predestinada e menos ainda, num destino que usava os correios para enviar as cenas do próximo episódio. Pousou um copo, pegou no casaco e saiu de casa decidido a aproveitar o que restava da manhã, deixando o envelope esquecido em cima da mesa. A agitação das ruas, as correrias e a pressa de estar a horas no emprego, contrastavam com a calma em que se transformara a sua vida. Comprou o jornal e sentou-se numa esplanada a aproveitar o calor dos últimos dias de verão e a reflectir no rumo que teria que dar à sua vida.

Sem comentários: