sábado, 18 de abril de 2009

Ele era tímido, tinha um olhar sereno e sorridente. Parecia uma criança. Um pouco desajeitado, de estatura baixa e magro. Quando entrara naquela loja olhava-o sempre com um sorriso. Sorria sempre. Nunca houve um dia em que o seu sorriso não o contagiasse. Haviam dias em que contava uma anedota, pagava os discos e ia-se embora, despedindo-se sempre com um sorriso. As visitas eram diárias assim como os sorrisos e a compra de discos.
Chamava-se David. Tinha a mesma idade, era estudante de letras na Universidade da cidade. Tinha vindo de muito longe e não queria sair dali. Planeava a sua carreira profissional no local. A cidade, tal como ele dizia era demasiado reveladora, demasiado encantadora para a abandonar e voltar para um local onde as possibilidades de ser feliz eram reduzidas a meia dúzia de casas, uma família ausente, e à ignorância.

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