sexta-feira, 5 de dezembro de 2008


Foi aos 20 que conseguiu fugir de casa, e para lá nunca mais voltar. Até hoje, recorda toda a sua infância tentando lembrar-se apenas das coisas que o marcaram pela positiva, mas era difícil.
Joana era uma das coisas boas que recordara, mas não a suficiente para esquecer tudo o resto. Os amigos, os primos com quem conviveu, alguns tios e tias, mais nada. O resto foi frustrações de uma criança sem carinho e retaguarda por parte do seu pai e da sua mãe.
Na adolescência, descobre a sua homossexualidade, apesar de a admitir bem mais tarde. Era diferente, ele sabia-o, mas não o quanto e de que forma.
Nessa altura, lembra-se perfeitamente das conversas que tinha com os seus colegas. Aos 19 já todos tinham experimentado a doce sensação do primeiro contacto sexual. As raparigas faziam parte das conversas e dos sonhos secretos de todos, menos dos dele.
O amor de Joana por ele existira desde cedo, e por ele fugiu também, deixando para trás a sua terra e os seus pais. Não poderia deixá-lo fugir sozinho. Não poderia viver sem ele.
Delinearam tudo. A hora, a forma como se deslocaram e até mesmo para que local. O sul do país fora o escolhido. O mar atraía-os tal como muita gente. A cidade era a maior do país e sua capital.

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