terça-feira, 1 de julho de 2008



Os pequenos favores eram sempre em troca de algum dinheiro, havia quem gostasse de dar mais alguma coisa.
Tinha herdado o ar envergonhado do seu pai, e a beleza da sua mãe. Cabelo claro, olhos esverdeados, um homem alto e altamente perigoso, no que tocava ao seu charme.
Só acordou quando uma vez mais a campainha o acordou, desta vez, o carteiro riu-se para ele, como se soubesse que as cartas entregues lhe provocavam algum mistério e curiosidade. Aceitou a carta, olhou com atenção para ela e verificou que era da mesma pessoa. A caligrafia era igual.
Foi buscar as outras cartas que as havia posto na noite anterior numa pequena gaveta, onde guardara algumas fotos e incenso. Sentou-se e leu o resto da primeira carta:

(…) Desculpa estar a dizer-te isto desta forma tão cobarde, deveria dirigir-me a ti e falar contigo olhos nos olhos, de forma a não restarem nunca mais dúvidas sobre o que aconteceu. (…)

A carta ainda não fazia qualquer sentido para ele, as perguntas de sempre continuavam a assolá-lo, mas quem seria?
Continuou a ler a carta e depois a outra e a outra até se fazer luz…

Sei que te mudaste há muito, também sei que nunca mais foste a Ratury. Falei com alguns familiares teus e disseram-me que nunca mais deste notícias. O que se passa? Ainda não te passou? Maldita seja a morte, a sério que sinto muito. Não merecias. Quando soube fiquei muito triste, a sério que fiquei.
Bom, não vamos falar de coisas tristes. Gostava de poder tomar um café contigo e ver-te, poder abraçar-te e sentir o teu rosto nas minhas mãos.
Com amor.
Até breve.

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